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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Quem sabe? Por que não?

Não sei se de fato Árido Movie é um filme sério, no entanto o filme vai buscando se afirmar a todo o momento, desde os seus personagens que em todo momento ficam vagando em uma dramaturgia falha, passando por todos os símbolos escolhidos para contar o filme para nos fazer entende-lo, tenta se afirmar como um filme narrativo, entre outras coisas.
Árido Movie trata de questões muitas sérias como: falta de água, o fim do corenelismo, religiosidade, juventude, modernidade, sexualidade. O filme vaga sobre essas questões de maneira fútil e sem se sequer tentar ver os seus interstícios, moderniza o cangaço e põe motos no lugar de cavalos, um índio americano no lugar de um índio nordestino, sem punhais eles possuem pistolas e maconha no lugar do algodão – Trataremos da maconha em outro ponto -. Por esses e outros fatos que este filme não me parece um filme sério.
O diretor trabalha com todos os estereótipos, o que poderia ser perfeitamente aceitável se o diretor fosse paulista ou de qualquer outro estado não nordestino, Lira é pernambucano! O filme repete tudo àquilo que já foi dito, reforça a idéia de um nordeste pobre, morto de fome, que as pessoas precisam sair das suas cidades para não morrer de fome e educar-se, ou seja, ser gente, pois o personagem principal sai da cidade de Rocha no interior de Pernambuco com sua mãe quase fugida de uma cidade onde estava casada com um marido mão de ferro, a moça da cidade que não agüenta o atraso da cidade e os maus tratos do marido, e foge com filho.
Temos a impressão que Pernambuco é um grande circo de farsas. Existe lá uma cigana pirata fazendo revelações sobre a vida das pessoas, a personagem aparece no meio da estrada tendo visões, um homem diz achar água, e saber os segredos fonte, mas logo afirma: - não tem água por aqui dona. Um profeta ao estilo Antonio Conselheiro que usa um cajado parecido com o do tal, ele é também uma farsa, o que confirma a minha suspeita que o filme é uma farsa. Mas não a farsa no sentindo de estilo de draturgia, mas de falsidade,falta de coseão.
Todos filmados por uma personagem com a tem intenção de ser um simulacro ela é uma documentarista que está pesquisando o problema da água, andando em uma Land Rover por justamente o fato de esse carro ser caro e não popular para que ele salte aquela paisagem e ajuda a confirmar que o índio interpretado por José Dumont é americano, pois ele conhece o motor do carro e todas as suas qualidades, há um pergunta a ser feita. Durante todo o filme o diretor afirma que a cidade de Rocha parou no tempo, isso na fala de alguns personagens, também na vestimenta elaboradas por uma direção de arte e ela também tem a intenção de afirmar-se, o figurino das personagens que vivem na cidade de Rocha são roupas de trintas anos atrás, e também tal fato e no relógio que está parado. Então por que o índio conhece carros moderníssimos?
Deslocado daquele ambiente, a documentarista feita por Guilia Gam e o personagem pessimamente interpretado por Guilherme Weber são uma cópia barata de um filme de Antonioni chamado o Passageiro, que o proyagonista fica vagando por um lugar desconhecido também em uma Land Rover sem se relacionar com as pessoas, mas O Passageiro é um filme competente. Essa personagem interpretada por Julia Gam tenta ser um simulacro assim como o personagem principal também tenta ser. O filme tenta a todo o momento se afirmar o que não consegue, tenta ser um filme profético, moralista, nordestino, mais precisamente pernambucano, narrativo.
Vamos então por um fato em questão. As drogas presente no filme. Os amigos da personagem principal bebem e fumam maconha o tempo todo, personagens que não é justificado, o personagem de Selton Melo ensina como se deve fazer um baseado, é apologia gratuita a tal droga, os três amigos ficam andando de um lado para outro no Recife, então entendido por mostra os pontos turísticos da cidade o que mesmo assim não justifica a presença deles, depois rodam pelo interior do estado nos pontos turísticos, e possuem texto muito ruim, que é basicamente essas palavras: Pôrra, caralho, “véio”. O personagem de Guilherme Werber aparece numa das primeiras seqüências cheirando pó, mas por quê? É gratuito! O filme não consegue se justificar, ou melhor, se afirmar, principalmente quando as personagens do filme possuem um tratamento estranho, além de todos os problemas conceituais do filme, ele possui uma montagem confusa, um roteiro que tenta quebrar os princípios de um filme narrativo clássico e não consegue uma fotografia limpa que não ousa, e interpretações ruins.
A sexualidade que é enfocada na personagem de uma índia, ela é prostituída, o significado dessa personagem é muito simples, não há trabalho naquela cidade, logo devo me prostituir, e ela ainda é usada por uma personagem da cidade grande!
Os nordestinos vivem tão mortos de fome assim? Será se nas cidades a televisão não chegou? Rádio? Internet? Pessoas? É preciso reformular o que as pessoas pensam sobre o nordeste, os estigmas de hoje fora são os mesmos de trinta anos atrás?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O cinema de Buñuel . Narrativa e subversão.

O surrealismo é exemplo de produção para qualquer movimento artístico contemporâneo, pois construiu sua historia de maneira enfática e forte em todos os seus trabalhos, desde os textos até as produções artísticas, cito o próprio manifesto surrealista, Salvador Dali na pintura com o quadro mãe e filha e Luis Buñuel no cinema.
A obra de Buñuel é magnífica, sublime, se impõe na historia do cinema como referência para todos os diretores.
O desejo sempre muito presente nos seus filmes pode ser observado de dois lados.
Primeiro: O desejo do corpo, sexual, libido.
Segundo: O desejo de libertação, precisamente de transgredir, romper eliminar, esquecer conceitos da sua sociedade, precisamente a francesa e os seus comportamentos.
Buñuel é surrealista e segue todo o seu manifesto principalmente quando falamos da realidade. Que a realidade existente não de fato real, mas sim uma imposição, ou seja, uma grande farsa, com falsos conceitos, ações, e também da falta de sensibilidade falo da seqüência cito Um Cão Anda Luz, em uma seqüência que da janela de um saguão as pessoas que estavam em uma festa assistem a um assassinato, o pai atira no filho com uma espingarda e ninguém nada faz, ou ao menos ficam abalados com tal fato e parecem não perceber o acontecido. É a imparcialidade, mas precisamente a indiferença em relação ao fato de o pai matar um filho, que é afirmada quando um elefante entra em um salão de festas.
Este cineasta sabe muito bem com como contar historias, as escolhas de Buñuel deixam o seu filme muito claro. As indicações em a Idade do Ouro, quando um homem assistiu há um atropelamento e depois ele sente o desejo do sexo, o erótico, Luis não faz uma metáfora ela expõe a situação depois a personagem a aprece com um piano nas costas, é peso da escolha, muitas vezes do arrependimento que é sinal que o conservadorismo bateu sobre a consciência daquela personagem.
Libertação é uma palavra que se mostra em todas as suas personagens, pois ele entedia que era preciso libertar dos conceitos e das formas da sociedade do seu tempo e faz-se corajoso e causa estranhamento até hoje.
Podemos então ver uma parcela do que aconteceu na sua época.
A amizade com o pintor Salvador Dali, quer também colaborou nos seus filmes nos faz perceber que o cinema de Luis Buñuel é compromissado com a arte, e também com a possibilidade de um novo mundo.
Seus filmes também são narrativos, possuem uma estrutura narrativa comum. O que o diferencia são os seus temas, pois o cinema industrial não tratava de tais assuntos, e seus elementos de linguagem para apresentação dos filmes.
O uso dos símbolos, e da metáfora, o não real, para reflexão do mundo e apresentar também como ele observava todas as coisas. Segundo Tarkovski para ele, Buñuel sabe que a estrutura estética não necessita de manifestos, pois a verdadeira força da arte reside no poder de persuasão. Desta maneira o artista torna-se um ideólogo e apologista de seu tempo pois "A grandeza e a ambigüidade da arte consiste no fato de que ela não prova, não explica e não responde às perguntas, mesmo quando emite sinais de advertência. Sua influência tem a ver com a sublevação ética e moral." Com Un Chien Andalou, Buñuel , assim como Tarkovsky, teve que enfrentar um público enfurecido que esperava do cinema uma simples sessão de divertimentos. Para Tarkovsky, Buñuel é um verdadeiro artista pois ele se dirige ao público não em linguagem de manifesto, "mas no idioma emocionalmente contagioso da arte."
Visionário, subversivo, vanguardista, obsessivo, experimental, satírico, irreverente, contraditório, psicanalista, humorista, irônico.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Capitu, sobre a corage de Luís Fernando Carvalho.

Prometo não ser tão longo quanto fui da ultima vez que postei, mas vamos ao que interressa.

Desde hoje é dia de Maria que Luís Fernando vem se aventurando em cosntruir novas estruras de linguagem na televisão, temos que ser bem claros, que se trata de televisão, não de cinema e que não é cinema na Tv.
Capitu faz parte desse experimentalismo de Luís Fernando que desonstroi o olhar televisivo de uma novela, e também das miniseries mais narrativas, não que CApitu seja narrativo, pois ela possui começo meio e fim, uma linha temporal definida e pontos altos e baixos dentro de uma dramaturgia convencional.
No entanto, a historia é contada com construção de fatores interessantissísmos.
1º A presença da palavra na imagem, que constroí à ação dos personagenes, ou seja a sua ação dramatica, assim támbem constroi a narratica para os espcatador e a palavra está presente não só para as personagnes, mas para quem assiste.
Claro que se trata da influência de Machado de Assis obra, é a referência clara da literatura.
2º A interpretação dos atores, diga-se grande elenco, que dialogo com o teatro Elizabetano, classiso, quase shakspiriano, dado pelo texto do seriado, o seu preciosismo, sempre respeitando a escrita de Machado de Assis.
3º Os cenários, que não se trata de um cenário comum, a direção de arte que age formtemente nos dando a impressão desse teatro que citei a pouco.
4º O simbolismo das imagens e sua força para contar a história, ou seja não se trata de uma imagem de registro é uma imagem construída, que não fica simplesmente em função dos atores mas de se contar uma história.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Ruptura, repetição e diálogo.

O Rio de Janeiro me parece o mesmo de 1960, os morros, o preconceito, com poucas mudanças, os morros ficaram maiores e os crimes aumentaram a sua proporcionalidade, os dois filmes tratam praticamente do mesmo fato. Como viver em um morro no Rio de Janeiro, no entanto são filmes que estão inseridos em momentos históricos diferentes, da História do cinema, precisamente do cinema brasileiro, e Brasil.
O filme de Roberto de Farias está na década de 60 em meio da Ditadura Militar, com o cinema se construindo, a aparição do Cinema Novo, e filmes feitos por produtoras o que não difere de hoje, o Assalto é uma película da Herbert Richards, Cidade dos Homens é da O2 produções.
Cidade está na democracia, depois da retomada do cinema, não em uma época de ouro onde se fazia oito milhões de espectadores, mas o cinema tenta novamente se mostrar para o brasileiro, um desafio que o filme de Roberto de Farias não enfrentou. No entanto Paulo Moreli vai para fora do país.
Os filmes se passam em morros do Rio de Janeiro, em meio à sobrevivência e o crime, e se repetem em um discurso machista, onde Tião Medonho tem duas mulheres e tal fato se torna normal, podemos também observar isso com uma crítica. Não há mulheres no bando, todas elas são esposas cuidadosas e mantedoras do lar. Em Cidade dos Homens vêem-se mulheres em meio ao crime do tráfico, com armas na mão, no entanto continuam sendo objeto de desejo, sendo também a mantedora do lar, com uma diferença, existe o discurso da contemporaneidade. A mulher saiu da casa para trabalhar e ajudar o marido e sua sexualidade está muito mais exposta. Não com os maridos, mas em cabines de segurança e com os namorados.
Os filmes nos seus motes da sobrivivência quase sempre se reduzem ao crime, que o fato condutor das duas obras, e com um ditado estampado nessas filmografias. “O Crime não compensa”. Claros no que desejam, mostram o que é a “realidade”, tudo aquilo que acontece nos morros do Rio está “inseridos” nos filmes, em 1960 e em 2007, quarenta e sete anos depois a tentativa de representar ou de ser realista é o mesmo, talvez por isso seja os filmes se parecem e também se descolam ao mesmo tempo.
A presença do branco no morro é praticamente igual no filmes. No Assalto ao Trem Pagador, os brancos, mesmo aqueles que fazem parte do bando possuem uma condição de vida um pouco melhor, um deles sabe fazer contas e possuí uma venda e tenta ir embora do morra quando é pego pela polícia que é totalmente branca, o outro sai da favela e torna-se um “playboy”. Ele tem cara de quem tem carro, é o homem das idéias, do planejamento ele tem inteligência, os outros ficam a depender dele, apesar da liderança de Tonhão na comunidade que é tratado como Seu Tonhão, conquistou o respeito perante os moradores da comunidade e os criminosos, protegem para serem protegidos, aparecendo à figura do trairás, que também é presente em Cidade dos Homens. Roberto de Freitas afirma que aquele local é um local de negros, e os brancos não podem estar estão saltando a paisagem do universo do morro, miserável, apertado, sujo, pouco cuidado.
Paulo Moreli quase não inseri brancos na sua filmografia, o menino branco já morador do morro entra para o tráfico também em uma tentativa de fuga, fugir da opressão em mais uma tentativa de vencer na vida, ele é morto, confirmando que o crime não compensa ditado afirmado nos filmes, todos os personagens que se envolvem no crime morrem ou ficam presos. Há apenas o pai e menino de personagens brancos no filme todos os outros são negros.
Essas filmografias dialogam em todo momento, as diferenças e rupturas são delicadas, por muitas vezes se mostram na evolução da técnica, no uso da câmera, de equipamentos, que foi uma evolução natural do cinema, e na interpretação dos atores.
Temos em Cidade dos Homens uma câmera observadora ela busca as personagens e para revelar todos os acontecimentos no morro, ela se esconde, mostra os fatos entre as brechas das varandas que são vistas pelas ruas e pelos buracos feitos pelas balas, uma câmera ativa não apenas de registro que faz parte, conduz o espectador no filme mostrando os becos da favela, os barracos, as pessoas presas na hora do tiroteio. Podemos dizer que é uma câmera guia.
A câmera do trem pagador se presta em registrar o fato histórico, que está inserido em um ambiente inóspito, sem condições de higiene alguma, mostrando quase em tom de denúncia, muito mais em tom de crítica como, do resto ela apenas registra, como um filme narrativo e sua linguagem, direção do olhar, mostrar aquilo que visto.
O cinema evolui e desde a linguagem aos equipamentos, percebe-se tal fato nesses dois filmes, um possui uma câmera, autônoma, quase independente, o outro onde a câmera está dependo da marcação dos atores, em cor onde o diretor de arte ganhou sua visibilidade e compõe as cores do filme, o preto e branco da escala de cinza onde não se percebe o cabelo loiro e os olhos azuis da personagem.
A critica forte existentes nos filmes sobre como aquelas pessoas vivem, critica mais forte no filme de Roberto de Farias, se põe na fala do personagem de Grande Otelo, na mulher pedindo condições de moradia melhor, não é um filme ingênuo, a policia não acredita que o brasileiro seria capaz de planejar um assalto com tais proporções. O diretor sabe muito bem aonde quer chegar, sobre o que quer falar e afirmar.
E possui um final emblemático, a família do chefe do bando sendo coberta de poeira onde os carros das autoridades passam sem preocupar-se com eles, os deixando ao deus dará, sem eira nem beira, sem saber pra onde ir, e o seu futuro onde ia dar? O que os garantia foi tirado das mãos, no momento em que Zulmira se vê sem saída invadida, percebendo ela grita para ganha a atenção e falar, e estraçalhar o seu futuro.
Cidade dos Homens termina diferente, de maneira ambígua até. O morro fica sem dono um dos personagens fala. Quem comandava morreu, quem tentou comandar também, ta tudo aberto ninguém é dono de ninguém.
Os meninos Acerola e Laranjinha ensinam o menino Clayton a atravessar a avenida: - Olha para o lado e para o outro depois atravesse. Com uma mensagem simples, está tudo sem dono, mas é preciso dar as mãos e trabalharmos, buscar a responsabilidade e mudar as coisas.
O menino busca a todo o momento a referencia do pai, descobre que o tal está fugido, mas consegue manter uma boa relação com ele, descobre que ele matou o pai do melhor amigo, e depois fica trancado. O cinema brasileiro está à procura de suas referencias nas quais estão fugidas, engavetadas, que nos serve, contudo para copiá-las fica difícil, estão presas no passado, e temos que descobrir o que de novo nesse futuro.
Os filmes são fechados tudo se resolve nas estórias, não há espaço aberto, é como um circulo onde as coisas vão se completando, todas as historias do filmes se fecham, são roteiros fechados que justificam cada acontecimento com uma preocupação de não deixar uma brecha, um rastro de continuidade para que o espectador possa imaginar, não por isso são filmes ruins.
Na verdade são filmes muito bem definidos, sabem o que querem como chegar para confirmar o seu discurso, e deixar algumas coisas para o espectador, ou seja, a mensagem do filme.
O cinema brasileiro nasce e morre, é um ciclo vicioso de nascimento e morte, recriação e cópia, tentativa e desistência, aparição e sumiço.
Apresentação.

Tudo bem? Meu nome é Bruno Leonardo, sou músico e ator, pretendo aqui expor idéias dobre musica e cinema, serão criticas, opiniões, idéias, provocações, espero contribuir e que pessoas támbem possam, criando debates trocando infomações.
Um abraço a todos.